quinta-feira, 5 de junho de 2014

Elgalor Capítulo I: Uma nova saga começa.







Nota: Escrevam porque gostam, escrevam por escape, mas escrevam primeiramente por vocês. Depois, mostrem a outros se for essa a vossa vontade e com sorte, os leitores venham a gostar. 
Os fãs de fantasia familiarizados com o género vão sentir-se em casa em Elgalor. Existem todos os elementos tradicionais, como povos livres os Elfos, os Anões, existem heróis sob uma crescente ameaça que paira sobre todos.
A acção é preconcebida muito ao estilo que gosto, uma demanda com vários obstáculos para chegar a um fim.
Para estrear este novo espaço que criei, "Vossos Textos" , temos como autor Odin do blogue Halls of Valhalla RPG






 Nos reinos de Elgalor sou conhecido por muitos nomes: O Sábio do Deserto, O Precursor da Desgraça, Aquele que Caminha no Vento ou simplesmente o Senhor dos Ventos. Após séculos apenas observando as areias do tempo escoando enquanto novos heróis vêm e vão, é chegada a hora de voltar a caminhar entre os povos livres e alertá-los sobre um grande mal que há de obliterar e escravizar a todos se não for ferrenhamente combatido.

Após um plano extremamente bem arquitetado durante anos, que culminou no roubo de um poderoso artefato e na morte do sábio rei élfico Bremmen Bhael, um poderoso e misterioso lorde necromante conhecido apenas como “O Servo da Morte” havia encontrado e se apossado de um dos 6 Tomos dos Cânticos Profanos, artefatos nefastos que, segundo as lendas, poderiam jogar o mundo em uma era de escuridão jamais vista. Com o poder de apenas um tomo, ele foi capaz de invocar e controlar diversas criaturas das trevas, e pela primeira vez em séculos, os povos livres foram lembrados da razão pela qual seus ancestrais temiam tanto a noite e suas crias. Vampiros, fantasmas, espectros e demônios vagavam pelo mundo, consumindo, pervertendo ou destruindo tudo aquilo que tocavam. Contudo, este reinado de escuridão, apesar de terrível, durou pouco, pois bravos heróis viajaram até o Plano das Sombras, local onde se localizava o castelo do Servo da Morte, e enfrentaram o vilão. Liderados pelo filho do rei élfico assassinado, o guerreiro Coran Bhael, estes heróis conseguiram o que parecia impossível: Derrotar o Servo da Morte e lacrar no Plano das Sombras o Tomo dos Cânticos Profanos. Os heróis que acompanharam o nobre rei élfico foram:

Evan, o Justo, um nobre paladino e cavaleiro andante, membro da Ordem dos Cavaleiros do Céu de Eredhon.
Bulma, A Destruidora, uma feroz bárbara das tribos setentrionais de Kargath, formada por poderosos guerreiros humanos com descendência ancestral dos antigos Khargar, também conhecidos em Elgalor como “meio-orcs”.
Astreya, a Estrela do Alvorecer, uma bela barda vidente oriunda das terras místicas do grande deserto de Khamaro
Aramil, o Sincero, poderoso mago real e conselheiro de Sindhar, o reino dos Altos Elfos
Erol, Lâminas Mortais, um habilidoso ranger do reino de Sindhar, membro da ordem de elite do reino conhecida como os Guardiões Dourados.
Hargor Martelo de Mitral, um sábio e experiente clérigo guerreiro anão do poderoso reino de Darakar, o Grande Reino dos anões.
Oyama Flagelo das Feras, um guerreiro oriundo das planícies de Nergor, onde os guerreiros são mestres absolutos no combate desarmado.

A vitória dos heróis, contudo, não veio sem preço. Para lacrar o tomo dos Cânticos Profanos no local onde ele havia sido aberto, ou seja, no Plano das Sombras, foi necessário, além de um complexo ritual, o sacrifício de um guerreiro de espírito forte e coração justo. Para que o tomo fosse definitivamente lacrado, Evan, o Justo, precisou sacrificar sua vida.

Com a queda do Servo da Morte, uma era de relativa paz parecia ter se iniciado nos reinos de
Elgalor. Contudo, uma vez mais, os ventos da guerra voltariam a soprar, quando menos se esperava.


Um poder macabro foi subitamente liberado no mundo com a abertura de um recém encontrado Tomo dos Cânticos Profanos; criaturas sinistras começaram a vagar sem medo pela noite, que passou a ser mais escura e sombria do que jamais fora.
Além disso, como se guiados por uma força maior, orcs se uniram por todo o continente e declararam guerra aos reinos dos elfos e dos anões. Seres advindos do abismo clamam por sangue em ataques cada vez mais freqüentes, e as forças da luz, por mais nobres e valentes que sejam, parecem enfraquecer a cada novo anoitecer. Todos estes acontecimentos estão interligados, e o triste é que isto é apenas o começo. O grande mal por trás de tudo ainda nem sequer se moveu.

Os heróis que derrotaram o Servo da Morte se dispersaram há cinco anos com a queda do vilão; Astreya passou a viver no reino élfico de Sírhion, junto ao nobre e sábio rei Coran Bhael, como sua barda real. Oyama e Hargor viajaram até o reino de Darakar para combater um culto do Deus do Massacre, liderado por minotauros demoníacos. Bulma voltou para sua terra natal onde exigiu a liderança de seu clã. Erol e Aramil retornaram em honra para Sindhar como verdadeiros campeões dos elfos.

Hoje, me encontro com o rei Coran Bhael e lhe explicarei tudo sobre o Tomo dos Cânticos Profanos que se encontra aberto e bem guardado na Torre do Desespero nas Terras Sombrias. Explanarei também sobre a profecia antiga que conta sobre o retorno de dois grandes avatares de Urakan, o Deus dos Orcs, assim que as vidas de 1000 elfos, 1000 anões e a cabeça de um rei de cada raça for oferecida em sacrifício. Rogo que os Grandes Reis deixem suas diferenças de lado e marchem juntos com todo seu exército rumo às Terras Sombrias quando chegar a hora. Rogo para que os grandes heróis desta era se reúnam novamente, e que sejam capazes de lacrar mais um Tomo dos Cânticos Profanos, antes que seus efeitos se tornem irreversíveis.

Rogo para que ainda tenhamos tempo...
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                      Capítulo I: Uma nova saga começa.


D
urante o pequeno Conselho organizado em Sírhion pelo rei élfico Coran Bhael, o Senhor dos Ventos explicou toda a situação que acometia os Reinos Livres de Elgalor de forma sucinta, porém bastante clara. O Senhor dos ventos, é um homem velho, com cerca de oitenta anos de idade, alto e magro. Sua barba branca é longa, e seus olhos dourados transmitem força, sabedoria e compaixão. Vestido apenas sua túnica cor de areia e seu turbante, ele estava ali, perante um rei e heróis, que o ouviam atentamente. Entre os elfos, há um pequeno e antigo ditado: O Vento raramente fala, mas quando o faz, é recomendado que se preste muita atenção a suas palavras. Lembrando-se destas palavras, Coran Bhael se apressou a formar um pequeno conselho formado por Thamior Chama Prateada, o alto sacerdote de Sírhion, Alatar e Silandra, os magos reais da casa de Sírhion e Astreya, sua escriba e trovadora real.

O Senhor dos Ventos, sempre falando de forma firme e calma, explicou ao rei e aos presentes que graças à abertura de um poderoso e misterioso artefato maligno, um dos Tomos dos Cânticos Profanos, as noites estavam cada vez mais longas e sinistras. Criaturas das trevas vagavam fortalecidas pela escuridão com cada vez menos medo e mais ódio em seus corações. Uma profecia terrível havia sido feita por Urakan, o cruel Deus dos Orcs e das Feras; após a morte de mil elfos, mil anões e o oferecimento da cabeça de um rei de cada raça, o deus maligno enviaria dois poderosos avatares para devastar os reinos élficos e anões de Elgalor, como resposta a humilhação que suas forças sofreram nas mãos destes dois povos eras atrás.

- E isso é apenas o começo – disse o sábio - Em breve, todos os exércitos dos povos livres deverão marchar juntos para tentar impedir a aniquilação total do mundo como o conhecemos. O Senhor dos Ventos tinha a postura e a voz de um orador nato. Porém, os mais preceptivos, notaram o temor que o perturbava a cada palavra proferida.

- E o que o senhor sugere que façamos? – perguntou o rei Coran após ouvir atentamente todo o relato.
Sentada do lado direito do rei, estava a barda Astreya, sua trovadora real e a maga Silandra. Do lado esquerdo, o clérigo Thamior, e o mago Alatar. Astreya vestia um belo vestido púrpura, e usava seus longos cabelos cacheados presos a uma delicada tirara de prata. Thamior vestia um manto branco com o símbolo de uma estrela de prata, flâmula da casa real de Sírhion. Alatar e Silandra usavam robes azuis, como todos os magos reais. Coran, como pedia a situação, usava sua armadura élfica de batalha, adornada por runas élficas de proteção e com sua espada, a Lâmina do Gelo, embainhada em sua cintura.

- Inicialmente, é necessário lacrar o Tomo dos Cânticos Profanos, que está localizado na Torre do Desespero, nas Terras Sombrias ao sul do deserto de Khamaro – respondeu o Senhor dos Ventos.
- E como podemos fazer isso, digo, como podemos lacrar este Tomo específico? – perguntou Astreya entendo a seriedade da situação, e se lembrando do sacrifício que precisou ser feito anos atrás para lacrar um tomo semelhante.
- Após uma exaustiva jornada, eu adquiri o conhecimento para criar um pergaminho que contém o ritual que irá lacrar o Tomo sem a necessidade de sacrifícios – disse o Senhor dos Ventos sentindo o medo na voz de Astreya - Contudo, como já devem imaginar, tal artefato não está desprotegido.

Involuntariamente, um momento de silêncio foi feito no salão. Já seria tarefa suficientemente difícil, mesmo para um grupo de guerreiros experientes, atravessar as Terras Sombrias e chegar à Torre. Diante de todas as revelações que o Senhor dos Ventos fizera, todos sentiam um certo medo de até mesmo imaginar que tipo de criatura nefasta guardaria o tomo.
Por fim, o rei Coran levantou-se e disse:
- O que está protegendo o tomo, sábio profeta?
- Um dragão vermelho ancião, recentemente transformado em um lich, um morto vivo de eras antigas, por artes negras, vossa majestade – respondeu o Senhor dos Ventos.
- Contudo... – continuou o profeta – para entrar na Torre do Desespero é necessária uma chave, que está em posse de outro dragão.
- Onde? – perguntou o rei Coran educadamente, mas sentindo que não haveria fim para aquele problema “inicial”.
- Poucas milhas a leste do reino de Darakar – respondeu o Senhor dos Ventos – em uma grande caverna subterrânea que antigamente era um posto avançado dos elfos negros na região.
- O reino dos Anões – disse Alatar como se estivesse pensando alto – Se explicássemos tudo ao Rei Balderk I, ele mandaria um batalhão de guerreiros para lá e...
- Não – interrompeu Astreya – mesmo que um batalhão de anões fosse bem sucedido, haveria muitas mortes. Com a profecia de Urakan em curso, a morte de tantos anões poderia trazer um problema terrível.
- Você está certa – disse Thamior se pronunciando – contudo, se não podemos mandar o exército dos anões nem o nosso por causa da profecia, que opção temos?
- Há uma opção... – disse Silandra verbalizando aquilo que todos estavam pensando, mas que ninguém ousava dizer.

Mais um momento de silêncio se fez no salão.

- Nós iremos – respondeu por fim Astreya se levantando e fazendo uma reverência para o rei Coran – meus amigos e eu cuidaremos disso. Tenho certeza que todos vão ajudar.
- Era isto que eu tinha em mente desde o início – disse o Senhor dos Ventos de forma bastante discreta – e antes que vossa majestade diga que irá acompanhar a jovem Astreya nesta contenda, devo lembrar-lhe que são necessárias as vidas de mil elfos, e a cabeça de um único rei para que parte da profecia se cumpra.

O rei Coran baixou a cabeça tentando esconder a frustração enquanto pensava em qual seria o curso de ação mais sábio a se tomar. Este era um daqueles muitos momentos nos quais ele amaldiçoava sua posição de rei, e desejava que ele pudesse apenas ser o Primeiro General de Sírhion, como era enquanto seu pai ainda estava vivo. Após alguns instantes, olhou para todos e disse:
- Através de magia, enviarei mensagens ao reino de Sindhar, requisitando a presença de Aramil e Erol, e ao reino de Darakar, pedindo o auxílio de Hargor e Oyama. Não tenho como contatar Bulma, mas...
- Amanhã, ao amanhecer, ela estará nas portas de seu palácio – disse o senhor dos ventos fazendo uma reverência com a cabeça.
- Ótimo – respondeu o rei Coran – enquanto isso, irei até Sindhar e explicarei pessoalmente ao Alto Rei Thingol toda a situação.
Coran é o rei de Sírhion e dos Elfos de Prata, mas o poderoso Arquimago Thingol Shaeril é o Alto Rei de todos os elfos, e portanto, deveria ser informado sobre o que estava havendo.

- Pode ser perigoso colocar dois reis juntos em um mesmo lugar, vossa majestade – disse Astreya com preocupação nos olhos.
- Sindhar é um reino extremamente bem protegido, Astreya – respondeu Thamior tentando acalmar a barda – Além disso, entre os elfos, não há guerreiro mais habilidoso do que o rei Coran, nem mago mais poderoso do que o rei Thingol. Eles estarão bem.
- Rogo para que esteja certo... – respondeu Astreya entrelaçando as mãos sem esconder a apreensão que sentia.

No instante seguinte, o Senhor dos Ventos partiu e os preparativos começaram a ser feitos. O rei Coran passou a Thamior diversas instruções que deveriam ser seguidas durante sua ausência. Astreya voltou a seu quarto, e com grande peso no coração, abriu um belo baú de marfim, onde estavam guardados sua bela cota de malha élfica púrpura, seu arco longo sagrado feito com prata mágica e sua cimitarra élfica de lâmina avermelhada.

Presentes valiosos dados pelo rei Coran. Presentes que, apesar dela não saber, o rei lhe deu pedindo aos deuses que ela jamais precisasse colocá-los em uso novamente.

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Os preparativos logo foram terminados; através de magia, uma mensagem foi enviada ao reino de Sindhar requisitando a presença urgente de Aramil e Erol para uma nova missão, e outra foi enviada ao reino de Darakar, requisitando o mesmo de Hargor e Oyama. Na aurora do dia seguinte, o Senhor dos Ventos trouxe a bárbara Bulma aos Salões de Sírhion, de onde ela e a barda Astreya seriam teletransportadas por Alatar e Silandra para as montanhas próximas aos Portões dos Antigos, a entrada do reino de Darakar. Bulma, ao contrário de Astreya, que tinha a compleição bela e delicada, possuía um porte físico realmente poderoso. Usando apenas uma armadura de couro carregando seu poderoso machado de duas mãos, a guerreira selvagem repleta de cicatrizes tinha uma postura imponente nos Salões do rei élfico. Seus cabelos eram negros como os cabelos de Astreya, mas ela os usava preso em duas longas tranças. Seu rosto era belo, mas extremamente endurecido. Aquilo que os olhos verdes da barda transmitiam de compaixão e calma, os olhos negros da guerreira transmitiam de fúria e coragem. Todos no Salão não puderam deixar de pensar em como duas pessoas tão diferentes pudessem ter se tornado amigas.

- É bom ver você novamente, Bulma – disse Astreya genuinamente feliz por ver a amiga depois de tanto tempo.
- Digo o mesmo, barda! – respondeu Bulma com a voz alta, que ecoou por todo o Salão – só espero que daqui possamos seguir a cavalo para nossa missão, porque odeio viajar por meio de feitiçaria.

Astreya apenas baixou a cabeça e deu um leve sorriso.

A primeira chave que os heróis deveriam encontrar estava no covil de um antigo dragão vermelho, que conseguiu facilmente se instalar tão próximo ao mais poderoso reino dos anões devido às trevas que envolveram o mundo desde a abertura de um dos Tomos dos Cânticos Profanos. Como as proteções mágicas de Darakar barram qualquer magia de teletransporte para dentro do reino, foi combinado que todos, incluindo o anão Hargor e o guerreiro Oyama, se encontrariam próximo aos Portões dos Antigos.

O rei Coran se dirigiria junto ao Senhor dos Ventos para o reino de Sindhar. Quando viu Astreya novamente trajando sua cota de malha púrpura e carregando seu arco de prata e seu sabre élfico, ele simplesmente balançou negativamente a cabeça.
- Que Elvannus vos acompanhe – disse o rei ao olhar uma última vez para Astreya antes de ambos partirem.
- A todos nós, meu bom rei – respondeu ela fazendo uma reverência, sentindo um enorme peso em seu coração.
- Nada de cavalos, não? – grunhiu Bulma, olhando para Alatar e Silandra, entendendo que teria que ser teletransportada novamente – Se vocês me fizerem aparecer debaixo da terra ou dentro de um lago, eu volto e faço vocês...
- Não se preocupe, Bulma! – interrompeu Astreya tentando evitar uma situação difícil – eles já fizeram isso muitas vezes. Não há o que dar errado.

No instante seguinte, Alatar e Silandra, educadamente ignorando a reclamação de Bulma, iniciaram os rituais que levariam as duas magicamente a seus destinos. Sem palavras, Thamior rogou para que visse todos em segurança novamente.

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A noite já havia chegado, e nas escuras montanhas ao norte de Elgalor, Astreya e Bulma surgiram.
- Isso foi o mais próximo que a magia pôde nos trazer... – disse Astreya observando os arredores.
- Não estou vendo portões em parte alguma! – disse Bulma desconfiada, empunhando seu machado, batizado por ela como “Terror do Campo de Batalha” – será que esta magia funcionou direito?
- Acho que sim – respondeu Astreya com um sorriso – Além do mais, os Portões dos Antigos só podem ser encontrados por aqueles que possuem sangue anão. Temos que esperar pelos outros.
- O Grande Sábio me disse que uma grande guerra eclodiria, e parece que ele tinha razão – disse Bulma olhando para o céu completamente escuro – sinto cheiro de sangue no ar...
- Gostaria que isso pudesse ser evitado... – disse Astreya olhando para baixo com uma expressão bastante triste - a vida estava sendo realmente boa nos últimos cinco anos.
- Você deveria falar com ele - disse Bulma de maneira franca e direta, ainda olhando para o céu – deveria falar com o rei élfico sobre o que sente por ele. Vocês estão perdendo um tempo que talvez não possa ser recuperado mais tarde.
- Bulma! – gritou Astreya sem querer, tomada pela surpresa e pela vergonha.
Neste instante, elas ouviram passos. Bem próximos.

- Por Elvannus, como vocês mulheres tagarelam!
Imediatamente elas se viraram para trás, mas ambas já haviam reconhecido a voz e o inconfundível tom de escárnio. Era Aramil, o Sincero.

- Olá para você também, Aramil – respondeu Astreya com um sorriso cínico.
Atrás do mago élfico de longos cabelos loiros e olhos verdes, que portava apenas seu belo manto élfico verde e um bem ornamentado cajado dourado, elas identificaram uma figura nas sombras, e logo perceberam que se tratava de Erol, o Caçador de Sindhar.
- Saudações, Erol – disse Astreya mais educadamente.
- Saudações - respondeu Erol bastante sério. Ele estava trajando sua cota de malha marrom escura e carregava nas costas um belo arco longo e nas mãos suas espadas élficas, as Irmãs do Inverno. Erol, assim como Aramil e todos os altos elfos, tinha os olhos verdes e cabelos loiros, mas ao contrário do mago, que possuía um aspecto frágil, Erol era considerado robusto para os padrões élficos.
- Algum problema? – perguntou Astreya estranhando um pouco a frieza do amigo.
- Sim – respondeu o ranger – há rastros de orcs e ogros nestas montanhas, e eles simplesmente surgem e somem no meio das sombras. Além disso, não deveria haver criaturas assim rondando tão perto dos Portões de Darakar.
- Algo sinistro realmente está acontecendo – disse Aramil em um tom sério – mesmo nós, os altos elfos de Sindhar estamos tendo este tipo de problema.

- Já era hora... – disse Bulma quase interrompendo Aramil ao ouvir o som de pesadas botas de metal se aproximando. Como alguém que também notou e reconheceu a aproximação antes mesmo da bárbara, Erol embainhou suas espadas.

Todos olharam mais à frente e viram Hargor, o clérigo anão, vestindo uma armadura de batalha muito bem trabalhada, carregando um pesado escudo e seu poderoso martelo de guerra. Ao lado dele estava Oyama, com os cabelos e a barba bem mais longos e desarrumados, vestindo um par de manoplas pesadas com símbolos de Thanor, o Deus dos Anões, e um cinturão negro. A constituição física do guerreiro estava bem mais robusta do que seus amigos se lembravam. Hargor, como todo anão, cuidava bem de sua grande barba branca, mas Oyama claramente não fazia o mesmo com sua barba negra.

- É incrível, Oyama – disse Aramil quando o clérigo e o guerreiro se aproximaram - Você conseguiu ficar ainda mais feio.
- Desculpe, mago – disse Oyama em tom de deboche – eu passei estes cinco anos lutando contra orcs e minotauros, e, ao contrário de vocês, altos elfos, que vivem saltitando e cheirando flores, não tive tempo para cuidar da minha beleza.
- Pessoal... – disse Astreya antes que Aramil pudesse dar uma resposta ao comentário de Oyama e que Erol se envolvesse na discussão – Vamos guardar a animação para nossos inimigos, está bem?
- Vejo que as coisas não mudaram – disse Hargor olhando para o grupo e dando um leve sorriso – de qualquer forma, fomos informados sobre a chave que vocês buscam e sei onde está o dragão que a guarda. Só quero que saibam que...

Neste instante, Erol sacou suas espadas novamente, e Bulma, por reflexo, fez o mesmo com seu grande machado, pois confiava nos instintos aguçados do ranger. Como aventureiros experientes que já passaram por muita coisa juntos, eles sabiam o que a ação de Erol e Bulma significava.

Eles estavam completamente cercados.

Como se saídos das sombras da noite, surgiram mais de quatro dezenas de orcs de pele negra e grandes como ogros, portando imensos machados duplos de lâmina avermelhada. Com um olhar sádico e brutal, eles emitiam gritos, risadas e grunhidos guturais.

Cada um deles parecia uma visão saída do inferno, e em seus cintos, presas com pregos enferrujados, jaziam várias cabeças de anões.

- Formação de batalha! – gritou Hargor, sentindo seu sangue ferver em fúria, pois mesmo com um olhar rápido, reconhecera a cabeça de alguns amigos “adornando” os cinturões dos orcs.

Movidos pelo grito do clérigo anão e por seus próprios instintos, o grupo instantaneamente formou um perímetro defensivo, com Hargor, Bulma, Oyama e Erol defendendo cada ponta, e com Astreya e Aramil no centro. A ação do grupo foi tão rápida e precisa que até eles se surpreenderam; em um instante, estavam discutindo futilidades, e no outro, se posicionavam como veteranos que vivenciaram inúmeras batalhas. Hargor pretendia dar mais algumas instruções rápidas mas não houve tempo; os orcs avançaram de forma rápida e impiedosa sobre eles, encorajados pela vantagem numérica e certos de uma vitória avassaladora.

- São orcs demoníacos – gritou Erol enquanto rasgava a garganta de um orc tolo que tentara surpreender o ranger pelo flanco esquerdo – o sangue deles queima como ácido.
- Então, acho que vou me queimar bastante! – respondeu Bulma ao entrar em um estado de frenesi sanguinário e arrancar a cabeça de outro orc com seu gigantesco machado.
Astreya respirou fundo, e começou a entoar um cântico de batalha:
Bravos heróis, elevem vossos espíritos e despertem em vossos corações a fúria justa do guerreiro. Lutemos lado a lado, como verdadeiros irmãos de armas, e que hoje esta corja assassina sinta a cólera de nossa justiça...”

Quando a barda terminou este refrão, todos foram envolvidos por um inabalável espírito de luta, e seus corações agora eram preenchidos por nada além de bravura e inflexível confiança. Sentiam-se protegidos por uma energia extremamente poderosa, que ampliava visivelmente a força e a velocidade de cada um. Até mesmo Aramil sentia vontade de empunhar uma espada e atravessar o peito de um orc quando ouvia as canções de Astreya, mas obviamente, o mago controlava muito bem este impulso.
- Sintam a fúria de Thanor, chacais do inferno! – disse Hargor movido tanto pela canção de Astreya quanto pelo próprio ódio enquanto seu martelo esmagava com violência as cabeças dos orcs que encontravam em seu caminho e seu escudo bloqueava ferozmente cada machadada que vinha em sua direção.

Aramil, por sua vez, se abaixou e tocou o chão, sussurrando algumas palavras em élfico:
- “Nobres espíritos da terra, atendam meu chamado”...

- Vocês vão pagar, malditos! – gritou Oyama em meio a uma rajada de socos, chutes e cabeçadas que criava uma pequena pilha de corpos a seu redor. Oyama se movia de forma tão ágil que os machados dos orcs pouco faziam além de cortes superficiais em seu corpo.
Erol continuava sua carnificina silenciosa, cortando e estocando com suas espadas élficas com uma precisão assustadoramente mortal, e Bulma gargalhava e rosnava enquanto arrancava braços, pernas e cabeças cada vez que brandia seu machado.

Os orcs sangravam, tinham seus ossos esmagados e seus membros arrancados, mas continuavam avançando, e mesmo seu sangue fétido deixava pequenas queimaduras onde tocava. A cada orc tombado, pareciam surgir mais dois, que atacavam com cada vez mais ódio e violência. Todos os combatentes sentiram várias vezes o poderoso fio dos machados orcs, e mesmo sem sentir dor ou cansaço devido à canção de Astreya, o sangue dos heróis começou lentamente a tingir o campo de batalha, e o “perímetro protetor” começava a ceder enquanto os heróis lutavam bravamente.

- Bulma, Oyama! – gritou Hargor – vocês estão avançando demais! Voltem às suas posições!
Bulma ouviu o anão, e, apesar da vontade de ignorá-lo completamente, ela era uma guerreira experiente, e sabia que se não trabalhassem em equipe, todos morreriam ali. Oyama, que vivera cinco anos entre os anões, se deu conta de que se aqueles orcs quebrassem o perímetro e os atacassem por todas as direções, eles estariam condenados. Ambos contiveram sua fúria e fecharam novamente o perímetro protetor, mas estavam bastante aborrecidos com isto.
- Aramil! – gritou Oyama enquanto seu cotovelo explodia contra o queixo de um orc – Será que você pode fazer alguma coisa para ajudar, elfo imprestável?!
- Cale-se e cumpra seu papel de escudo de carne, Oyama – disse Aramil se levantando como se ignorasse completamente as palavras do guerreiro.
Neste mesmo instante, surgiram atrás dos orcs seis criaturas grandes e robustas, totalmente feitas de pedra; eram elementais da terra. Imediatamente, elas começaram a golpear e a derrubar impiedosamente os orcs com seus poderosos punhos. Aramil apontou seu cajado na direção de Oyama e gritou em um tom extremamente cínico:
- Já que você pediu com tanta educação, vou te ajudar, Oyama.

Neste instante, um relâmpago partiu velozmente do cajado do mago na direção do guerreiro. Oyama, cujos reflexos eram extremamente aguçados, conseguiu se esquivar do raio no último instante enquanto proferia uma série considerável de palavrões. O relâmpago atingiu o peito de um orc que atacava Oyama, carbonizando a criatura instantaneamente, e depois se dividiu em diversas direções, atingindo vários orcs que atacavam o guerreiro.
- Aramil! – gritou Astreya em reprovação, parando de cantar. Como sabia que os efeitos de sua canção agora perdurariam por mais tempo, a barda se concentrou, estendeu sua mão na direção dos orcs que lutavam contra Hargor e disse:
- Suas mentes agora são minhas, e eu sou sua única salvação. Vocês serão mortos pelos seus antigos aliados, a menos que os destruam primeiro.
Três dos orcs que atacavam Hargor começaram imediatamente a se voltar contra os outros orcs. Se vendo livre por alguns instantes, Hargor bateu seu martelo no chão.
- Bom trabalho, Astreya – disse o clérigo enquanto seu martelo emitia uma forte luz azulada - Thanor, ó Grande Pai e protetor de nosso povo, conceda-nos tua benção e cure os ferimentos de meus bravos camaradas.

Todos sentiram uma aura protetora os envolvendo e curando suas feridas. Revigorados, os heróis lutaram com ainda mais vigor, e após alguns minutos, o chão da montanha estava coberto por sangue negro e dezenas de corpos de orcs, muitos deles desmembrados pelo machado de Bulma.

Em meio àquela carnificina, estavam os exaustos e vitoriosos heróis de Elgalor. Nenhum grito de vitória havia sido desferido, pois todos sabiam que, até o fim daquela noite, ainda havia um poderoso dragão que precisava ser abatido...



2 comentários:

  1. É um honra ver um de meus escritos neste nobre espaço!

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    1. Algo que já devia ter acontecido. Obrigado por partilhar grande Odin.

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