sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Folkvang o palácio de Freya (Parte 1/2)

Licença Creative Commons
Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.


Estávamos os três ali para ser julgados. A gruta era ampla e as escadas em frente talhadas na pedra fria. Trinta e dois degraus ao todo, tive tempo de os contar. No teto a rocha pareceu ganhar a forma de dentes e o seu gotejar de água gelada, um salivar para nos consumir, ou assim pensei. A mente vagueia na demora da espera.
No chão molhado a água encontrava o seu caminho até à saída, onde a queda depois seria mais de mil pés por encosta ingreme. Quanto demorámos para ali chegar, só posso adivinhar, mas o como eu já o vim a aceitar, por muito inacreditável que fosse.
Meu corpo parecia são e saudável, minha ferida mortal havia desaparecido. Nem vi quem segurava a lança que me trespassou por entre tanto caos e aglomerado de braços.
Olhei para trás e ainda as via lá fora, as valkirias que nos trouxeram até aqui. Sua beleza contrastava com um semblante de morte quando a luz lhes tocava de um certo jeito.

Mortos, todos nós à espera do mesmo destino. Do meu lado esquerdo um guerreiro de armadura espessa, com uma espada longa embainhada e segurando um escudo estranho nas minhas terras, retangular e longo invés de circular. Expoles do ocidente com certeza. Seu elmo escondia-lhe o rosto, não sabia dizer se tinha lutado do nosso lado ou não.
Já no meu flanco direito, um homem possante com o dobro da minha idade, coberto por peles. A racha no chão do seu machado posado, chamou-me a atenção. Sua barba espeça escondia-lhe seus traços. Seria preciso muita força para o conseguir brandir como deve ser. Seu nome era Erick barbas longas, chefe em Trondheim, eu conhecia-o.
O que aconteceu a seguir fez sombra a tudo até ali testemunhado. A sua graça ao descer as escadas derrotou qualquer defesa ainda desafiadora dos ali presentes. Seus cabelos longos loiros refletiam o pouco de luz que penetrava aqueles domínios e sua pele esbranquiçada denotava falta de encontro com o Sol. Estavam a admirar a mulher mais linda que alguma vez viram.
 Contemplou os presentes com um sorriso que só podia ser caracterizado como perfeito para quem de
melhores adjetivos não conseguia arranjar dentro do seu limitado vocabulário.
- Bem-vindos... – Disse-o na mais doce voz possível, acasalando perfeitamente com a sua imagem. – Eu sou Freya. – As suas palavras se fizeram convidar na mente dos homens sem no entanto serem reveladas verbalmente.
- A Mãe… – proferiu Erick.
Freya era a deusa da beleza, amor e fertilidade. Não admira que nunca tenhamos visto tamanha beleza. Fui o primeiro a baixar a cabeça, exemplo que depressa foi seguido pelos outros ali.
- Por esta altura já devem saber porque aqui estão. Vocês são os caídos em batalha para vir servir os deuses até Ragnarok, o fim de todas as coisas. Observei-os por muito tempo, procuro um campeão para ser o arauto dos meus exércitos. Um de vós será esse campeão.
Os guerreiros partilharam olhares surpreendidos.  
- Com o devido respeito Mãe… – Começou a falar Erick. –  Eu sempre pensei ir parar aos salões de Valhalla encontrar os meus antepassados.
- O que te faz pensar que estão todos lá? - Sua expressão agravou-se.
Foi-me impossível não sentir pequeno perante tamanha energia. De onde vínhamos, expressões como aqueles seriam consideradas insulto, mas essa não foi a intenção divinal e Erick soube o seu lugar.
- Pelo meu acordo com Odin eu recebo metade dos heróis caídos. A tua ignorância… entristece-me.
O pesar de Erick foi tão grande que não conseguiu conter as lágrimas pelo que havia feito.
Cada um apresentaria o seu caso e a deusa Mãe dicidiria qual o mais digno de se sentar ao seu lado. 

CONTINUA...


2 comentários:

  1. Simplesmente espetacular! Anseio pela continuação!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Obrigado nobre Odin. Lembrei-me que você em particular fosse gostar desta shor-storie baseada na mitologia nórdica. Estou atrasado, vou ver se publico a segunda e ultima parte hoje ou amanhã.

      Eliminar